sábado, 10 de julho de 2010

MORRI A MUITO TEMPO ATRÁS


Morri a muito tempo atrás num desses dias de outono
junto com as folhas de um carvalho velho que caiam ao chão de todas as indiferenças


morri e fui enterrada no mar dos meus olhos que salivavam espumas mornas as quais lambiam o tempo que se incrustou nos navios dos meus barcos naufragados por desilusões compradas na feira do destino

morri sentindo a opacidade do meu reflexo
sentindo o cheiro de ruínas de promessas d´almíscar
sentindo nos lábios as gotas da existência rouca
a sede do lácteo elixir de seiva-sonhos

morri,abraçada as horas que me acarinhavam as pálpebras pesadas
abraçada a cada lembrança que me queria compreender
o puro e ímpeto choro
morri de uma insuficiência de ternuras
que enterravam no meu peito o toque irrefutável de sombras
da desesperança

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