segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

VIVER

vivia a copular com o dia para parir amanhãs belas e ensolaradas que balbuciavam pássaros necessários para a felicidade, tomava goles e goles de raios de sol,e era acusada de viciada em lutas perdidas vivia a comer a carne crua da dor ,lamber sonhos,e chupar possibilidades vindas de qualquer canto e lugar e enlouquecia de tempos em tempos de persistência.Passava horas desencravando os lamentos da pele é em segredo fazia guerra armada planejando matar a golpes de dignidade todas as maldades e hipocrisias.Uma condenada a amar a vida perdidamente pelo século dos séculos.

PEDRA POR PEDRA

amplio-te, aqui, no meu alicerce de esperanças brutas,que reforço com o aço dos teus dentes;preencho os espaços com o ferro fundido das tuas delicadezas úmidas, que se infiltram na minha pele e escorrem ,inundando as frestas, com a loucura dos teus blocos instáveis que são toneladas de abandonos longos SOBRE MEUS TELHADOS de vidro.
Pinto teu sorriso afresco ,revestindo teto e parede,arremato o assoalho com esperas, de todas as cores e texturas ,e tua respiração impregna O CIMENTO com teu hálito de ausencias duras.
Teus olhos são o concreto aspero e perpétuo
que Paira no vácuo dos meus dias belos e tristes;pinto tudo de promessas brancas acetinadas ,num tom de vida desbotada e agonia lenta e despercebida.
Demarco tua existência no vazio nivelado da minha decadência
E construo no peito o anfi-teatro ,para encenar todos os dias ,tua presença.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

AGORA É TARDE...

Estou atrasada. Perdi o trem, todos os trens possíveis da estação.tardei o dias ,não dei atenção aos ponteiros que amareleciam as horas, não escutei os tic tacs,que me avisavam,do tempo perdido;nem quis ouvir as badaladas que despencavam da parede.pendurava os minutos no armário ,e adiei encontros ,deixei os compromissos para outra hora ,as férias para breve.sempre me adiei,para amanha para outro dia.para mais tarde.agora é tarde. estou tarde.Demais...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ESCALAS

Eu não caibo nas tuas frestas, tenho demais relevos para suas retas, meus caminhos são semi planos, os teus caminhos são curvas de nível que se fecham sempre em si mesmo por não temos a mesma latitude . De acordo com a escala topográfica, tenho muitas planícies, e você muitos penhascos. Há entre nós um precipício.
Não se escolhe estar amando
Não é algo que se possa adiar ou antecipar
Amor apenas surge
Como um milagre e chega tão intenso e impetuoso que ocupa o corpo e todo o espaço ao redor
O amor não são apenas cartas de amor
Ou dormir juntos na cama todas as noites
Amor é uma espécie de cuidado um com o outro
Amor é uma sensação que o corpo fabrica e lhe da o nome de felicidade

PESSOAS

Tenho dificuldades com as pessoas certinhas, elas tem cheiro de naftalina,e fazem tudo programado,riem ,comem e choram e amam ,na hora marcada.
Gosto das pessoas que não servem para nada, só para viver e serem felizes.
Gosto das desequilibradas mais que das exatas. Das confusas mais que das concretas.
Gosto das pessoas tortas,em vez das hermeticamente fechadas,
das que falsificam os dias, para se adaptarem a esse mundo
gosto das que me assustam com sua sinceridade...
das que transbordam opções e se fundem com os rios de possibilidades.
Gosto das pessoas que mudam.De opinião .De aparência .De caminho. De direção, para serem felizes.
Não danço conforme a música,o ritmo acelerado faz tropeçar-me.E não uso cinta liga meus passos são largos demais para laços.
Não sirvo para princesa ,seus vestidos ofendem minha dignidade,apertam meus parafusos íntimos,amarrotam meus sonhos,
E seus castelos são gaiolas , bordada de amores imperfeitos
com salas forradas de falsas ilusões.

DIVISÃO DE BENS

Dei-te todo o espaço, te fiz lugares no peito
Dei-te salas, cheias de mim
Corredores que davam para uma vida inteira
Dei-te a entrada curva dos braços
Os cílios debruçados nos ombros
Sonhos debaixo das pálpebras
O amor encostado no vão das portas
sorrisos florindo no parapeito das janelas.
Dei-te cada instante
Cada momento, cada hora
Cada passo, de todas as minhas ruas
Dei-te cada ângulo das minhas paredes, cada linha que me tece
Dei-te tudo que podia.
Quero a metade de volta...
Tenho medo de te amar assim,de te sentir maior que eu.Temo sua volumosa amplidão que me cobre e me preenche os espaços com sua imensidão de evidencias carnívoras que se alastram sobre mim e me devoram as margens,os limites as curvas,os contornos e me fazes perdida.
Temo sua intensidade que me corre e me inunda ,um mar de erros líquidos que espuma, urge e me rebenta ,contra os rochedos pontiagudos dos teus olhos.
Temo tua infinidade de camadas espessas, que me envolvem e me arrastam ,por seus vales de milhares de perigos escondidos em cada esquina do teu rosto,e nos becos escuros dos teus olhos, com armadilha na boca que perssegue, abocanha e digere meu juízo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MEUS SILÊNCIOS

Meus silêncios ofegantes são importantes pronunciamentos .Eles contam da tempestade que arrasou meu cais.
Quando a última árvore tiver caído,
...quando o último rio tiver secado,
...quando o último peixe for pescado,
...vocês vão entender que dinheiro não se come

(DESCONHECIDO)

SE POR UM ACASO ME QUISERES

Se por um acaso me quiseres,saiba, sou dessas mulheres de alma em punho
Coração na boca
E o tempo não desenhou serenidade no sangue

Que não aceita modificar-se , girar em órbita alheia. que não abaixa o volume da verdade. Que não se abandona em camadas doces de mil beijos
E se por um acaso me quiseres, saiba, eu sou quem me habito, quem me medito e me que organizo , sou eu quem me acompanho nos corredores vazios de minha existência
Então se por um acaso me quiseres não se assuste com minha sinceridade. Não espere de mim hipocrisia na ponta dos dedos. Se acostume com meus traços coloridos. Sempre me pinto para fora dos contornos.

DOR

Vou adestrando a dor, civilizando seus gestos, para que se torne mais delicada, aparrando suas unhas para que não aranhe meus discos. Estou habilitando-a para que pare de rastejar entre as frestas dos meus dentes roubando meus sorrisos e sobre minha mesa, comendo meus restos, de ontem, que eu guardei para amanhã. Ensinando bons modos para não fazer feio perante as visitas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LIMPEZA NECESSÁRIA

Limpei- me das frestas e ranhuras, onde permaneci esquecida por vários outonos. Tirei a poeira dos olhos cansados de dormir acordada,varri minhas preces secretas para debaixo dos tapetes ,já decorei as ladainhas,já percebi dos milagres que não acontecem .Também quebrei meus erros velhos que cheiravam a álcool e pólvora para trocar por erros novinhos cheirando a loucuras inconfessáveis ,troquei meus pecados amarelos preferidos onde eu nao mais cabia,por alguns sacrilégios de seda verde de costura simples .Tirei apele ,para brotar de novo.E todos os dias enxugo a umidade das paredes,seco copiosamente ,saliência por saliência para que não mais brotem monstros .

UM AMOR

Quero um amor que se deita manso em meus braços, e corra em mim mar pacifico.Que se esparrame pelo meu chão ,criando raízes em meus penhascos,e brote por todos os cantos.Um amor que povoe minhas cidades ,mas que não demarque minhas fronteiras,nem tome meu pais e me aprisione em seus limites,que,não destrua meu chão,nem esgote minha terra produzindo,mas sim, encha meus viveiros vazios com teus olhos repletos de nuvens que anunciam bonança.Um amor que não se importe das minhas jóias falsas.Nem dos meus fracassos espalhados no sofá,que me deixe em dias tristes ser meu resto,meu entulho,largado no lixo dos teus dias onde me recolhes e me levas para casa e me reciclas.Que me deixe ,com um sorriso na boca,ter instantes de mediocridade ,de disparates e nos sábados e domingos ser inútil,e vez ou outra me salve dos meus próprios monstros.Que não me negue o carinho e o beijo e as gentilezas de cada dia por causa dos meus erros,e me glorifique no altar do teu peito e que venha a mim e não me falte , não me acuse,,condene,ou crucifique pelas minhas falhas, mas que me ressuscite no terceiro dia .
Ou sempre que eu precisar.

domingo, 10 de outubro de 2010

PRECISO

Sem tuas folhas dói-me a fotossíntese dos dias. Preciso dos teus murmúrios que vertem chuva nas minhas estações de seca, da tua retina de sol, de tuas promessas avencas.Do sorriso pólen para semear primavera em meu herbário. Necessito de da tua boca úmida em meus lençóis subterrâneos para fazer brotar as felicidades miúdas. Explica-me das florescências e me replante no teu chão, pois me faz bem tua terra calcária. Teus minerais. Botanicamente falando.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Há em ti um tanto de abrigo, um porto seguro,com liquidos regaços, para minhas âncoras. Há em ti um tanto de espaço, cheio de fendas e frestas e me faço de ângulo ajustado, para caberem eu e meus cansaços, também os desassossegos e toda amplidão de sonhos e ânsias, meus cheios e vazios profundos.
Há em ti um tanto de envergadura, onde escondo minha sombra, minhas dobras e fronteiras, minhas lacunas, e as imensidades de minhas impossibilidades,
Há em ti um tanto de altura, um céu do lado de dentro, e um pequeno milagre, que puseste sobre meus olhos para eu poder me encontrar no amanhecer de mim mesma

MEU TAMANHO EXATO



Andei medindo meus pés que não cabem mais nos quadrados.
Descobri que aumentaram meus espaços, a linha horizontal agora trespassa meu centro,e a cada atitude chego mais perto do meu eixo.
Meu lados tem sentires múltiplos, que fogem das minhas mãos ,e caem para fora dos cantos e não mais me encontro.
Minha massa aumenta ou dimuinui conforme cada nível de dificuldade cada curvilínea de ilusão e multiplico cada instante em momentos com possibilidades. Para calcular minha superfície pegue os metros de lutas vezes a circunferência da minha resistência e verás que minha área tem grandes extensões,variantes, como o pi,e não consigo saber meu tamanho exato.Estou expandindo, para o alto ,na esperança de um dia rebentar de mim mesma e tocar as estrelas.

sábado, 2 de outubro de 2010

QUERO UMA POESIA CURATIVA

Quero uma poesia curativa
Daquelas de uma qualquer medicina alternativa, que promete a cura de tudo. Feita de mil misturas, tiradas de algum livro secreto, maldito, milenar.
Feita de gessos para ligar as estruturas expostas, de esparadrapos largos para quando me parto em quatro.
Uma poesia remendo, para remendar minhas nuvens que estão sempre por um fio. Que seja ungüento canfora para tirar o quebranto, para tirar o mau olhado, e o mal amar. Uma poesia ópio para ficar dia e noite chapada de vida. Uma poesia terapia daquelas que nem Freud explica.
Uma poesia antibiótica para minha garganta com pus- pessimismo e minhas tosses descrentes. Em forma de cápsulas para aumentar minha imunidade para o amor. Uma poesia santo-remédio que me possibilite ressuscitar das minhas mortes crônicas.

EM PARALELAS


Vejo-me debruçada nos pontos distantes, em reticências e silabas de uma aproximação, que fatalmente dividem nossas consoantes em dimensões idênticas;mas com desvios de norte;de pólos.Com linhas divisórias feitas de meridianos de amianto invisíveis,com graus em queda livre,com margens que nunca terão confluências .Com coordenadas extremas em relação a greenwich.Fronteiras desprendem-se da topografia para demarcarem a distancia de nossos planisferios. Mas nossa pele não tem endereço, esta exilada numa linha curva dum território livre . Ficamos refugiados, na periferia do longinquíssimo.Perdidos num túnel do tempo.Longo demais em latitudes, para seguirmos juntos.Restando-nos as direções opostas;em paralelas, dos hemisférios

A tristeza é um cão raivoso,que entra pelas frestas. Não se aconchega aos meus pés,não obedece aos meus comandos ,nem lambe minhas feridas;late a noite inteira embaça minhas janelas, mastiga minhas paredes com sua mandíbula de escombros .E fico-me entre seus dentes

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

MEUS EUS



Eu sou muitas, duas ou mais ,as vezes todas ao mesmo tempo.Não as compreendo todas,a maioria das vezes ignoro muitas de mim.Nem sempre aceito o modo de agirem ,mas sei que se não as tivesse ,eu seria sozinha.Elas me fazem companhia nos meus sucessivos exílios,pois sou várias ,umas tão corretas,outras tão desprezíveis a vossos olhos.Umas santas outras defeituosas como todo ser humano.Sou muitas,perdidas em mim,e todas elas,tem me sido úteis.

NOS MEUS DIAS RUINS



Em dias ruins as linhas que me suturam, descosem e me deixam a mostra:
minha carne branca manchada de mulher;
pedaços de rebeldia nos olhos;
bolores nos ossos e uma esperança brotando nos músculos,
minha pele abismo sem fundo com, demônios de facas afiadas matando sonhos meus mal paridos ,galáxias orbitando nas veias,o mar mediterrâneo nos poros;buracos nos labirintos das idéias ...Nesses dias sentiras um fedor que sai do meu coração por meus fantasmas enforcados.

FORA DA CASINHA



Fora da casinha
quando não moro mais dentro
quando me esqueço dentro do sono, levanto e esqueço-me de desabotoar os olhos, e o corpo perde o equilíbrio por ter esquecido os pés numa fuga
quando me esqueço num ônibus qualquer, numa estação longe de mim
quando caio inteira no chão pelo rasgo da bolsa junto com os documentos e fico nos achados e perdidos esperando por mim
esperando que eu me ache, que eu me leve
para casa de novo

SOMOS NADA

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DIA DA MULHER









Cantem hinos,
digam de sua pele lisa de sua beleza transcendental
Mas não se esqueçam de falar de toda violência consentida.De todos os golpes crus e ocres em seu corpo ,de todas as mãos que a arrastam em solenes martírios e sacrifícios
falem de todas as burcas confeccionadas com linhas abstratas de julgamento e superioridade

Digam do sentimento puro e maternal
Mas não se esqueçam de falar das violações ignoradas
Dos espaços invadidos.Limites negados

Digam de sua boca de seda, púrpura
Mas não esqueçam de falar das bocas graciosamente emudecidas e de todas as mordaças negras

Digam da sua pureza e castidade
Mas não esqueçam de falar das leis que só a permitem a ser objeto penetrado , submisso e obediente

Digam de sua bondade e meiguice
Dos seus recatos ingênitos de pudores e hosanas
FALEM,MAS FALEM de todas as santas Marias que profanam

Digam das suas mãos macias
Não se esqueçam de falar das correntes invisíveis e psíquicas
E dos dedos trincados por anéis dourados

Digam de seus olhos belos amendoados
Mas não se esqueçam de falar das retinas manchadas de sofrimento

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TRANSMUTAÇÃO DIÁRIA



sou espírito com manta tecida de insaciabilidade-
matéria intensa cheia de carne revolvida,germinando instintos ferozes , com camadas de sensíveis egoísmos,perdões solenes ,risadas quebradas pelo ruído das tragédias e sacrifícios ,chorando a dolência das veias que vibram na efervescência dos sonhos. tenho ódios requintados,rubores majestosos nas linhas da pele desenrolada das longas eras e degelos
fibras desesperadamente unidas ao branco virginal das trompas que germinam rios claros de esperança;numa trasfiguração martirizada , expressão sagrada por glórias trágicas.A cada dia tirando camadas grossas de isolamento,cobrindo-me com os longos mantos da transmutação diária.

NÃO IGUAL




sete mil chaves nunca abrirão minhas sete mil portas ,estou segura
debaixo dos meus sonhos com os olhos acorrentados na cor da tempestade
ninguém me adivinha a proporção da indignação;o instante onde abandonei-me
não adivinham os espaços que em mim crescem as extremidades que em mim habitam
me olham ,não me solucionam os círculos
não compreendem a inclinação de minhas órbitas que giram na velocidade exata para me arrastarem para o vácuo
não me desvendam ,sou de material desigual ,diferente das matérias arcaicas e duras que compreendem.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

TUA FOTO

Tenho–te em focos desfiados,que são contrastes-dedos que se ligam a minha loucura
na raiz do olho ,refletido na retina,numa ótica platónica
diluído,infiltrado nas paredes do sótão,aprisionado em minha plenitude
nas linhas intermediarias,na entrada curva dos espaços
luz desfocada estendida no quintal da pele,no corredor dos braços
tenho-te na textura áspera da língua guardado na traqueia ecoando na garganta
na lembrança exausta e exata ,de um porta retrato

MUNDO GRANDE DO SUL

Meu Rio Grande Do Sul,palco de lutas e vitórias,de uma gente guerreira,onde corre o sangue herói de farrapos.Onde em qualquer rancho, se você gritar um -hó de casa,ouvira um- se aprochegue,e um convite para entrar na roda de um bom amargo.
Nos pampas e coxilhas,verás gaúchos pilchados de larga bombacha , com seu cavalo pingo e seu cusco amigo colocando boi na invernada. E depois da lida num galpão,com fogo de chão,protegido do vento minuano, peão e patrão,chuimareando um mate amargo e churrasqueando um costelão,contando causos e dedilhando gaitas.

Rio grande do sul terra de prendas bonitas e guerreiras, de gente amiga;escolhida pelos europeus para ser sua querência amada,que mesclou seus olhos azuis,transformando o rio grande num mundo grande do sul,com diferentes tradições e iguarias campeiras .Terra de plantações de trigo,caminhões cheios de milho e soja,serras com sua uva que nos dão o vinho.Terra de Mario Quintana e de Getúlio Vargas ,grande presidente brasileiro.E dos chamamés nas bailantas do rincões.

Sou brasileira de coração ,gaucha de tradição,cada palavra que á ti dedico meu Rio Grande é uma homenagem pela terra tão farta e boa acolhida que recebi e que fazem de ti um mundo grande do sul .

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CASTA





Eu ficava muito tempo
Olhando-te por dentro
meditando sobre suas portas com tanto cadeado
seus nervos apocalípticos
sangue aristocrático
Suas curvas ,via-sacra
seus cabelos discursos longos
seus olhos perdidos e duros
que filtram a inquietação da carne
olhava sua derme machucada pela castidade
sua alma violentada pela pureza
Olhava-te por dentro e não entendia
a dor insana que te ilumina o rosto

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

CANTEIRO DE OBRAS

Estou reconstruindo meus muros caídos
Com paredes de tijolos furados para poder respirar desejos maciços
Estou fazendo novas veias de concreto
com frestas maiores para meus poros
Estou quebrando os blocos
Que me prendiam nos meus ossos
Fazendo janelas enormes
para pular da pele

PROTEGI-ME EM EXCESSO

Fico,
Dentro das fotos ,aprisionada eu e meus sentimentos;
Guardo-me no armário .Dobrada e seca.
Sempre atrás dos meus ombros , escondida.
protegida nos meus cabelos,
Agarrada a barra de minha saia.
Fico pelos cantos dos olhos,
Só observando...

DENTRO

chovia
veio a infiltração e caíram as estruturas maciças do corpo
No assoalho , lacunas de consciência
O tapete da sala descoloriu
Transbordamos pelas janelas dos olhos até a varanda
Toda vez que você chove , fico desabrigada

BOLSA DE MULHER

Bolsa de mulher tem sempre o básico:batom,carteira,lápis preto,desodorante,óculos escuros,a chave de casa,a chave do carro ,o celular,um livro,o remedinho p/cólica,alicate de unha,lencinhos,um creme,uma base,escova de cabelo...guarda-chuva,se bobear um para-quedas,uma metralhadora...E MUITO MAIS

A bolsa para cada mulher é um mundinho,onde ela se esconde,onde ela se acha,onde o homem se perde.A bolsa dela é um universo pequeno e finito com estrelas no céu da boca e eclipses nos olhos com grandes buracos negros que guardam enigmas do corpo e da alma .

E serve para guardar os imprevistos,achar circunstâncias,esconder medos,tem espaço para todas as mascaras , e todas as solidões anotadas na agenda
Se empilhar bem ,cabe sua biografia,uma estante cheia de livros e um tempo PEQUENO

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

LÁGRIMAS






Dobro me por dentro
Passo as pregas do vestido a ferro e fogo
Abotôo-me até a boca
E estendo-me no varal para deixar secar a alma

terça-feira, 24 de agosto de 2010

MEDOS

Tenho medo de ser a minha maior decepção
e ver que fui um desperdício de tempo e espaço
medo de não conseguir realizar meus sonhos por escolhas erradas
tenho medo de descobrir que vivi ,só por conveniência
tenho medo de me olhar no espelho e não me reconhecer
medo de poder e não ter feito tudo diferente
tenho medo de não ter lutado o suficiente
de me conformar com o nada
de não ter insistido o suficiente por aquilo que acreditei
tenho medo de me arrender amargamente do que fiz e me arrepender mais ainda do que podia ter feito e não fiz
tenho medo de abrir mão de sonhos só por que estava ocupada demais fingindo ser feliz
tenho medo que daqui a muitos anos ,eu seja tarde.Recortada.Insignificante.

CANSEI

Vou
Trancar as lagrimas nos olhos
Dormir com meus segredos guardados por debaixo de camadas grossas de maquiagem
esconder as tristezas debaixo do esmalte
E fugir para dentro da pele
embrulhar o tempo nas dobras das mãos,refugiar-me nas paredes e mofar até a próxima estação

CANSEI

Vou
Trancar as lágrimas nos olhos
Dormir com meus segredos guardados sob camadas grossas de maquiagem
esconder as tristezas debaixo doe smalte
E fugir para dentro da pele
embrulhar o tempo nas dobras das mãos,refugiar-me nas paredes e mofar até a próxima estação

domingo, 22 de agosto de 2010










Escrevo-te ecos coagulados de silêncios desamparados
Misturadas com a fúrias das silabas que salivam a ausência
Escrevo-te como quem colhe flores dentro da pele
Como quem tem partos dentro dos olhos
Escrevo-te sem fôlego sem tempo
Apenas momentos
Escrevo-te como quem vomita a vertigem de uma loucura
Escrevo-te pendurada numa corda presa a lua
Embrulhada numa folha de outono

Escrevo-te como quem bebe o horizonte e se embriaga
escrevo-te queimando as pupilas nas lembranças
Escrevo-te rodopiando no espaço de mãos dadas com o delírio
Como quem morre pela milésima vez
Sendo essa a vez que mais doeu
Não sou barro para que possas moldar
meu rosto, tez e destino

Nem ferro para fundires em qualquer formato ,retorcer os lábios e torcer de novo ,soldar um novo corpo que pouco a pouco vai oxidar com lágrimas salgadas
Nem pré fabricada ,portanto não me pregue pregos nas mãos
e obediência nos pés
não corte as estruturas dos meus dias
Não sou madeira para gravar em mim seu santo nome
e desejos
Nem página com contrato eterno
Queres esculpir-me como sua melhor obra
modificar-me a essência e aspecto
cimentar-me uma boca fechada
fazer bater em mim coração de chumbo
colocar-me olhos cegos

sábado, 21 de agosto de 2010

O AMOR

Inventei-te
em meu painel de destroços
com teus olhos fogo
teus lábios seda
inventei-te cores brandas
com textura lisa de luas novas

Inventei-te inédito
Homogêneo
Inventei-te irreproduzível
Nuance que desequilibra minhas mãos
Arte da ininteligibilidade
inventei-te do meu ângulo
inventei te formas
tons de um degrade necessário
inventei-te tudo
só o amor não inventei:esse eu sinto

terça-feira, 17 de agosto de 2010

AMOR

Quero escrever-te o fôlego das flores
com sorrisos cor de julho
quero escrever beijos enrolados em luz
que mancham minhas roupas de você
quero escrever-te os aromas
dos quais o meu amor...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Não quero mais mascaras. Obrigada. Tenho medo das tão belamente pintadas. São tão caras e A beleza sai com água. E borra com lágrimas
As engraçadas me deixam deprimidas e cansadas com tanto sorriso forçado e inventado
As fatais,matam.mas a mim com ilusões falsas
As de aço quebram fácil.
As normais,me aprisionam em preconceitos e valores ensinados
As racionais,me deixam tão indefesa
Não quero máscaras
Quero usar a minha cara.para te mostrar as minhas verdades,
Para mostrar as minhas impotências e também virtudes
Quero usar a minha cara ,assumir quem sou.Ela pode não ser a mascara que tu mais gostas,mas é a mais verdadeira e não mais um disfarce

SÓMENTE MULHER



Deixa eu tirar a maquiagem.
Tirar roupa de etiqueta cara.
Desfazer a chapinha no cabelo .De perto não sou bonita.Com meu vestidinho surrado não sou sexi .
Tambem não devo ser nada elegante com chinelos em vez de sapatos de salto.
Mas me olhe de perto.Sem pó compacto e corretivo illuminis,vais perceber que não tenho tanto brilho,.
Sem meu batom auto volume, meus lábios são mais finos.Olhe bem,sou só uma mulher,como tantas,que luta em várias jornadas ,para ajudar no sustento da casa,que faz da casa um lugar habitável,com refeições,com pratos e sapatos roupa limpa,UM LAR.que luta para ser boa mãe,esposa ,mulher.Olhe bem e veja que tenho imperfeições,no corpo e na alma,tenho carências e medos.
Me olhe de perto.Assim ,de cara limpa, eu sou bem mais feia,mas por dentro ,com ou sem artifícios,não mudo.Serei sempre mulher.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

HÁ, SE FOSSE APENAS DOR

Não te direi adeus,por causa dos girassóis e das gralhas azuis.também por causa das avencas e por causa da chuva .Não te direi adeus por causa das pedras e dos lagos
Não te direi adeus por causa dos pássaros ,principalmente dos verdes,também pelos peixes que me ensinam a estruturar os dias.é que eu sem você moro de realidade e de fantasmas.HÁ ,se fosse apenas dor.

A POESIA

A poesia é um modo complexo,
um tempo contraditório.
é uma norma desestabelecida
uma realidade provocatória
um objetivo surreal
A poesia é uma criatividade obsoleta
uma linguagem que não diz...faz sentir
a poesia é uma visão dicotômica que se une e funde com todas as emoções
é o produto mais puro e alienado dos que procuram as linhas imaginárias e indefinidas da vida
A poesia é uma dessas coisas ilógicas e insensatas que doem

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

NÃO TE DIREI ADEUS




Eu não direi,perdida
Direi-te ruas, que não são minhas
Eu não direi sozinha,não necessito de ninguém
basta-me ao tempo que me acostumei a ser então só
Não direi lágrimas, te direi silêncios de muitas páginas
Não te direi adeus
Te direi a pausa maior.

NÃO TE DIREI ADEUS



Eu não direi,perdida
Direi-te ruas, que não são minhas
Eu não direi sozinha,
basta-me ao tempo que me acostumei a ser então só
Não direi lágrimas, te direi silêncios de muitas páginas
Não te direi adeus
Te direi a pausa maior.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

AUTO-RETRATO



Distribuição desigual das cores , uma imagem que assume o cotidiano tenso e seco.Uma espécie de figura retorcida,impressionismo correspondente a ausência de luz,um corpo contorcido com pinceladas de madrugadas frias sonos que mordem os ossos .fés que não salvam
O dorso ,em diferentes posturas,em igualmente inércia.Vê-se pelo traço continuo e bruto a mutilação infame,do eu,e a densidade da expressão de raiva está em todas as rugas .pinto novos ângulos e perspectivas, que é a iluminação perfeita para o rosto.Pinto olhos maculados pelos cheiros suaves das tempestades que abrem os braços e me convidam a sentir o íntimo dos pigmentos e aceitar a mudanças brusca dos tons....

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