quinta-feira, 28 de outubro de 2010

MEUS SILÊNCIOS

Meus silêncios ofegantes são importantes pronunciamentos .Eles contam da tempestade que arrasou meu cais.
Quando a última árvore tiver caído,
...quando o último rio tiver secado,
...quando o último peixe for pescado,
...vocês vão entender que dinheiro não se come

(DESCONHECIDO)

SE POR UM ACASO ME QUISERES

Se por um acaso me quiseres,saiba, sou dessas mulheres de alma em punho
Coração na boca
E o tempo não desenhou serenidade no sangue

Que não aceita modificar-se , girar em órbita alheia. que não abaixa o volume da verdade. Que não se abandona em camadas doces de mil beijos
E se por um acaso me quiseres, saiba, eu sou quem me habito, quem me medito e me que organizo , sou eu quem me acompanho nos corredores vazios de minha existência
Então se por um acaso me quiseres não se assuste com minha sinceridade. Não espere de mim hipocrisia na ponta dos dedos. Se acostume com meus traços coloridos. Sempre me pinto para fora dos contornos.

DOR

Vou adestrando a dor, civilizando seus gestos, para que se torne mais delicada, aparrando suas unhas para que não aranhe meus discos. Estou habilitando-a para que pare de rastejar entre as frestas dos meus dentes roubando meus sorrisos e sobre minha mesa, comendo meus restos, de ontem, que eu guardei para amanhã. Ensinando bons modos para não fazer feio perante as visitas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LIMPEZA NECESSÁRIA

Limpei- me das frestas e ranhuras, onde permaneci esquecida por vários outonos. Tirei a poeira dos olhos cansados de dormir acordada,varri minhas preces secretas para debaixo dos tapetes ,já decorei as ladainhas,já percebi dos milagres que não acontecem .Também quebrei meus erros velhos que cheiravam a álcool e pólvora para trocar por erros novinhos cheirando a loucuras inconfessáveis ,troquei meus pecados amarelos preferidos onde eu nao mais cabia,por alguns sacrilégios de seda verde de costura simples .Tirei apele ,para brotar de novo.E todos os dias enxugo a umidade das paredes,seco copiosamente ,saliência por saliência para que não mais brotem monstros .

UM AMOR

Quero um amor que se deita manso em meus braços, e corra em mim mar pacifico.Que se esparrame pelo meu chão ,criando raízes em meus penhascos,e brote por todos os cantos.Um amor que povoe minhas cidades ,mas que não demarque minhas fronteiras,nem tome meu pais e me aprisione em seus limites,que,não destrua meu chão,nem esgote minha terra produzindo,mas sim, encha meus viveiros vazios com teus olhos repletos de nuvens que anunciam bonança.Um amor que não se importe das minhas jóias falsas.Nem dos meus fracassos espalhados no sofá,que me deixe em dias tristes ser meu resto,meu entulho,largado no lixo dos teus dias onde me recolhes e me levas para casa e me reciclas.Que me deixe ,com um sorriso na boca,ter instantes de mediocridade ,de disparates e nos sábados e domingos ser inútil,e vez ou outra me salve dos meus próprios monstros.Que não me negue o carinho e o beijo e as gentilezas de cada dia por causa dos meus erros,e me glorifique no altar do teu peito e que venha a mim e não me falte , não me acuse,,condene,ou crucifique pelas minhas falhas, mas que me ressuscite no terceiro dia .
Ou sempre que eu precisar.

domingo, 10 de outubro de 2010

PRECISO

Sem tuas folhas dói-me a fotossíntese dos dias. Preciso dos teus murmúrios que vertem chuva nas minhas estações de seca, da tua retina de sol, de tuas promessas avencas.Do sorriso pólen para semear primavera em meu herbário. Necessito de da tua boca úmida em meus lençóis subterrâneos para fazer brotar as felicidades miúdas. Explica-me das florescências e me replante no teu chão, pois me faz bem tua terra calcária. Teus minerais. Botanicamente falando.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Há em ti um tanto de abrigo, um porto seguro,com liquidos regaços, para minhas âncoras. Há em ti um tanto de espaço, cheio de fendas e frestas e me faço de ângulo ajustado, para caberem eu e meus cansaços, também os desassossegos e toda amplidão de sonhos e ânsias, meus cheios e vazios profundos.
Há em ti um tanto de envergadura, onde escondo minha sombra, minhas dobras e fronteiras, minhas lacunas, e as imensidades de minhas impossibilidades,
Há em ti um tanto de altura, um céu do lado de dentro, e um pequeno milagre, que puseste sobre meus olhos para eu poder me encontrar no amanhecer de mim mesma

MEU TAMANHO EXATO



Andei medindo meus pés que não cabem mais nos quadrados.
Descobri que aumentaram meus espaços, a linha horizontal agora trespassa meu centro,e a cada atitude chego mais perto do meu eixo.
Meu lados tem sentires múltiplos, que fogem das minhas mãos ,e caem para fora dos cantos e não mais me encontro.
Minha massa aumenta ou dimuinui conforme cada nível de dificuldade cada curvilínea de ilusão e multiplico cada instante em momentos com possibilidades. Para calcular minha superfície pegue os metros de lutas vezes a circunferência da minha resistência e verás que minha área tem grandes extensões,variantes, como o pi,e não consigo saber meu tamanho exato.Estou expandindo, para o alto ,na esperança de um dia rebentar de mim mesma e tocar as estrelas.

sábado, 2 de outubro de 2010

QUERO UMA POESIA CURATIVA

Quero uma poesia curativa
Daquelas de uma qualquer medicina alternativa, que promete a cura de tudo. Feita de mil misturas, tiradas de algum livro secreto, maldito, milenar.
Feita de gessos para ligar as estruturas expostas, de esparadrapos largos para quando me parto em quatro.
Uma poesia remendo, para remendar minhas nuvens que estão sempre por um fio. Que seja ungüento canfora para tirar o quebranto, para tirar o mau olhado, e o mal amar. Uma poesia ópio para ficar dia e noite chapada de vida. Uma poesia terapia daquelas que nem Freud explica.
Uma poesia antibiótica para minha garganta com pus- pessimismo e minhas tosses descrentes. Em forma de cápsulas para aumentar minha imunidade para o amor. Uma poesia santo-remédio que me possibilite ressuscitar das minhas mortes crônicas.

EM PARALELAS


Vejo-me debruçada nos pontos distantes, em reticências e silabas de uma aproximação, que fatalmente dividem nossas consoantes em dimensões idênticas;mas com desvios de norte;de pólos.Com linhas divisórias feitas de meridianos de amianto invisíveis,com graus em queda livre,com margens que nunca terão confluências .Com coordenadas extremas em relação a greenwich.Fronteiras desprendem-se da topografia para demarcarem a distancia de nossos planisferios. Mas nossa pele não tem endereço, esta exilada numa linha curva dum território livre . Ficamos refugiados, na periferia do longinquíssimo.Perdidos num túnel do tempo.Longo demais em latitudes, para seguirmos juntos.Restando-nos as direções opostas;em paralelas, dos hemisférios

A tristeza é um cão raivoso,que entra pelas frestas. Não se aconchega aos meus pés,não obedece aos meus comandos ,nem lambe minhas feridas;late a noite inteira embaça minhas janelas, mastiga minhas paredes com sua mandíbula de escombros .E fico-me entre seus dentes