terça-feira, 31 de agosto de 2010

TUA FOTO

Tenho–te em focos desfiados,que são contrastes-dedos que se ligam a minha loucura
na raiz do olho ,refletido na retina,numa ótica platónica
diluído,infiltrado nas paredes do sótão,aprisionado em minha plenitude
nas linhas intermediarias,na entrada curva dos espaços
luz desfocada estendida no quintal da pele,no corredor dos braços
tenho-te na textura áspera da língua guardado na traqueia ecoando na garganta
na lembrança exausta e exata ,de um porta retrato

MUNDO GRANDE DO SUL

Meu Rio Grande Do Sul,palco de lutas e vitórias,de uma gente guerreira,onde corre o sangue herói de farrapos.Onde em qualquer rancho, se você gritar um -hó de casa,ouvira um- se aprochegue,e um convite para entrar na roda de um bom amargo.
Nos pampas e coxilhas,verás gaúchos pilchados de larga bombacha , com seu cavalo pingo e seu cusco amigo colocando boi na invernada. E depois da lida num galpão,com fogo de chão,protegido do vento minuano, peão e patrão,chuimareando um mate amargo e churrasqueando um costelão,contando causos e dedilhando gaitas.

Rio grande do sul terra de prendas bonitas e guerreiras, de gente amiga;escolhida pelos europeus para ser sua querência amada,que mesclou seus olhos azuis,transformando o rio grande num mundo grande do sul,com diferentes tradições e iguarias campeiras .Terra de plantações de trigo,caminhões cheios de milho e soja,serras com sua uva que nos dão o vinho.Terra de Mario Quintana e de Getúlio Vargas ,grande presidente brasileiro.E dos chamamés nas bailantas do rincões.

Sou brasileira de coração ,gaucha de tradição,cada palavra que á ti dedico meu Rio Grande é uma homenagem pela terra tão farta e boa acolhida que recebi e que fazem de ti um mundo grande do sul .

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CASTA





Eu ficava muito tempo
Olhando-te por dentro
meditando sobre suas portas com tanto cadeado
seus nervos apocalípticos
sangue aristocrático
Suas curvas ,via-sacra
seus cabelos discursos longos
seus olhos perdidos e duros
que filtram a inquietação da carne
olhava sua derme machucada pela castidade
sua alma violentada pela pureza
Olhava-te por dentro e não entendia
a dor insana que te ilumina o rosto

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

CANTEIRO DE OBRAS

Estou reconstruindo meus muros caídos
Com paredes de tijolos furados para poder respirar desejos maciços
Estou fazendo novas veias de concreto
com frestas maiores para meus poros
Estou quebrando os blocos
Que me prendiam nos meus ossos
Fazendo janelas enormes
para pular da pele

PROTEGI-ME EM EXCESSO

Fico,
Dentro das fotos ,aprisionada eu e meus sentimentos;
Guardo-me no armário .Dobrada e seca.
Sempre atrás dos meus ombros , escondida.
protegida nos meus cabelos,
Agarrada a barra de minha saia.
Fico pelos cantos dos olhos,
Só observando...

DENTRO

chovia
veio a infiltração e caíram as estruturas maciças do corpo
No assoalho , lacunas de consciência
O tapete da sala descoloriu
Transbordamos pelas janelas dos olhos até a varanda
Toda vez que você chove , fico desabrigada

BOLSA DE MULHER

Bolsa de mulher tem sempre o básico:batom,carteira,lápis preto,desodorante,óculos escuros,a chave de casa,a chave do carro ,o celular,um livro,o remedinho p/cólica,alicate de unha,lencinhos,um creme,uma base,escova de cabelo...guarda-chuva,se bobear um para-quedas,uma metralhadora...E MUITO MAIS

A bolsa para cada mulher é um mundinho,onde ela se esconde,onde ela se acha,onde o homem se perde.A bolsa dela é um universo pequeno e finito com estrelas no céu da boca e eclipses nos olhos com grandes buracos negros que guardam enigmas do corpo e da alma .

E serve para guardar os imprevistos,achar circunstâncias,esconder medos,tem espaço para todas as mascaras , e todas as solidões anotadas na agenda
Se empilhar bem ,cabe sua biografia,uma estante cheia de livros e um tempo PEQUENO

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

LÁGRIMAS






Dobro me por dentro
Passo as pregas do vestido a ferro e fogo
Abotôo-me até a boca
E estendo-me no varal para deixar secar a alma

terça-feira, 24 de agosto de 2010

MEDOS

Tenho medo de ser a minha maior decepção
e ver que fui um desperdício de tempo e espaço
medo de não conseguir realizar meus sonhos por escolhas erradas
tenho medo de descobrir que vivi ,só por conveniência
tenho medo de me olhar no espelho e não me reconhecer
medo de poder e não ter feito tudo diferente
tenho medo de não ter lutado o suficiente
de me conformar com o nada
de não ter insistido o suficiente por aquilo que acreditei
tenho medo de me arrender amargamente do que fiz e me arrepender mais ainda do que podia ter feito e não fiz
tenho medo de abrir mão de sonhos só por que estava ocupada demais fingindo ser feliz
tenho medo que daqui a muitos anos ,eu seja tarde.Recortada.Insignificante.

CANSEI

Vou
Trancar as lagrimas nos olhos
Dormir com meus segredos guardados por debaixo de camadas grossas de maquiagem
esconder as tristezas debaixo do esmalte
E fugir para dentro da pele
embrulhar o tempo nas dobras das mãos,refugiar-me nas paredes e mofar até a próxima estação

CANSEI

Vou
Trancar as lágrimas nos olhos
Dormir com meus segredos guardados sob camadas grossas de maquiagem
esconder as tristezas debaixo doe smalte
E fugir para dentro da pele
embrulhar o tempo nas dobras das mãos,refugiar-me nas paredes e mofar até a próxima estação

domingo, 22 de agosto de 2010










Escrevo-te ecos coagulados de silêncios desamparados
Misturadas com a fúrias das silabas que salivam a ausência
Escrevo-te como quem colhe flores dentro da pele
Como quem tem partos dentro dos olhos
Escrevo-te sem fôlego sem tempo
Apenas momentos
Escrevo-te como quem vomita a vertigem de uma loucura
Escrevo-te pendurada numa corda presa a lua
Embrulhada numa folha de outono

Escrevo-te como quem bebe o horizonte e se embriaga
escrevo-te queimando as pupilas nas lembranças
Escrevo-te rodopiando no espaço de mãos dadas com o delírio
Como quem morre pela milésima vez
Sendo essa a vez que mais doeu
Não sou barro para que possas moldar
meu rosto, tez e destino

Nem ferro para fundires em qualquer formato ,retorcer os lábios e torcer de novo ,soldar um novo corpo que pouco a pouco vai oxidar com lágrimas salgadas
Nem pré fabricada ,portanto não me pregue pregos nas mãos
e obediência nos pés
não corte as estruturas dos meus dias
Não sou madeira para gravar em mim seu santo nome
e desejos
Nem página com contrato eterno
Queres esculpir-me como sua melhor obra
modificar-me a essência e aspecto
cimentar-me uma boca fechada
fazer bater em mim coração de chumbo
colocar-me olhos cegos

sábado, 21 de agosto de 2010

O AMOR

Inventei-te
em meu painel de destroços
com teus olhos fogo
teus lábios seda
inventei-te cores brandas
com textura lisa de luas novas

Inventei-te inédito
Homogêneo
Inventei-te irreproduzível
Nuance que desequilibra minhas mãos
Arte da ininteligibilidade
inventei-te do meu ângulo
inventei te formas
tons de um degrade necessário
inventei-te tudo
só o amor não inventei:esse eu sinto

terça-feira, 17 de agosto de 2010

AMOR

Quero escrever-te o fôlego das flores
com sorrisos cor de julho
quero escrever beijos enrolados em luz
que mancham minhas roupas de você
quero escrever-te os aromas
dos quais o meu amor...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Não quero mais mascaras. Obrigada. Tenho medo das tão belamente pintadas. São tão caras e A beleza sai com água. E borra com lágrimas
As engraçadas me deixam deprimidas e cansadas com tanto sorriso forçado e inventado
As fatais,matam.mas a mim com ilusões falsas
As de aço quebram fácil.
As normais,me aprisionam em preconceitos e valores ensinados
As racionais,me deixam tão indefesa
Não quero máscaras
Quero usar a minha cara.para te mostrar as minhas verdades,
Para mostrar as minhas impotências e também virtudes
Quero usar a minha cara ,assumir quem sou.Ela pode não ser a mascara que tu mais gostas,mas é a mais verdadeira e não mais um disfarce

SÓMENTE MULHER



Deixa eu tirar a maquiagem.
Tirar roupa de etiqueta cara.
Desfazer a chapinha no cabelo .De perto não sou bonita.Com meu vestidinho surrado não sou sexi .
Tambem não devo ser nada elegante com chinelos em vez de sapatos de salto.
Mas me olhe de perto.Sem pó compacto e corretivo illuminis,vais perceber que não tenho tanto brilho,.
Sem meu batom auto volume, meus lábios são mais finos.Olhe bem,sou só uma mulher,como tantas,que luta em várias jornadas ,para ajudar no sustento da casa,que faz da casa um lugar habitável,com refeições,com pratos e sapatos roupa limpa,UM LAR.que luta para ser boa mãe,esposa ,mulher.Olhe bem e veja que tenho imperfeições,no corpo e na alma,tenho carências e medos.
Me olhe de perto.Assim ,de cara limpa, eu sou bem mais feia,mas por dentro ,com ou sem artifícios,não mudo.Serei sempre mulher.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

HÁ, SE FOSSE APENAS DOR

Não te direi adeus,por causa dos girassóis e das gralhas azuis.também por causa das avencas e por causa da chuva .Não te direi adeus por causa das pedras e dos lagos
Não te direi adeus por causa dos pássaros ,principalmente dos verdes,também pelos peixes que me ensinam a estruturar os dias.é que eu sem você moro de realidade e de fantasmas.HÁ ,se fosse apenas dor.

A POESIA

A poesia é um modo complexo,
um tempo contraditório.
é uma norma desestabelecida
uma realidade provocatória
um objetivo surreal
A poesia é uma criatividade obsoleta
uma linguagem que não diz...faz sentir
a poesia é uma visão dicotômica que se une e funde com todas as emoções
é o produto mais puro e alienado dos que procuram as linhas imaginárias e indefinidas da vida
A poesia é uma dessas coisas ilógicas e insensatas que doem

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

NÃO TE DIREI ADEUS




Eu não direi,perdida
Direi-te ruas, que não são minhas
Eu não direi sozinha,não necessito de ninguém
basta-me ao tempo que me acostumei a ser então só
Não direi lágrimas, te direi silêncios de muitas páginas
Não te direi adeus
Te direi a pausa maior.

NÃO TE DIREI ADEUS



Eu não direi,perdida
Direi-te ruas, que não são minhas
Eu não direi sozinha,
basta-me ao tempo que me acostumei a ser então só
Não direi lágrimas, te direi silêncios de muitas páginas
Não te direi adeus
Te direi a pausa maior.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

AUTO-RETRATO



Distribuição desigual das cores , uma imagem que assume o cotidiano tenso e seco.Uma espécie de figura retorcida,impressionismo correspondente a ausência de luz,um corpo contorcido com pinceladas de madrugadas frias sonos que mordem os ossos .fés que não salvam
O dorso ,em diferentes posturas,em igualmente inércia.Vê-se pelo traço continuo e bruto a mutilação infame,do eu,e a densidade da expressão de raiva está em todas as rugas .pinto novos ângulos e perspectivas, que é a iluminação perfeita para o rosto.Pinto olhos maculados pelos cheiros suaves das tempestades que abrem os braços e me convidam a sentir o íntimo dos pigmentos e aceitar a mudanças brusca dos tons....

pinto...eu tela,rabiscada,a óleo,sangue,nervos,lágrimas,sorrisos músculos,retas,pontos.