quinta-feira, 19 de novembro de 2009

TEU SILÊNCIO É UMA LÂMINA AFIADA COM A QUAL COMETO SUICÍDIO TODOS OS DIAS


Teu silêncio é uma lâmina afiada com a qual todos os dias cometo suicídio...
Teu silêncio me diz que sou fraca...que sou nada...(teu silêncio tem razão)
Teu silêncio são vogais que flutuam entre as sombras do meu quarto... são frases que me assombram quando cerro meus olhos
Teu silêncio grita teu nome nas nervuras da minha pele (teu silêncio dilui-se em meus braços) e suga-me o fôlego...
Teu silêncio são chamas que se projetam no meu cenário abstrato... o teu silêncio é um sussurrar que se desprende dos teus lábios mudos e pousa em toda a extensão do meu corpo – teu silêncio é uma nuvem que dissipa-se em minhas lembranças ((causando-me alucinações)Teu silêncio é a tua ausência em mim... ele evapora meus oceanos e apaga as constelações(que existem em nós)
Teu silêncio beija meu rosto todos os dias com lábios frios e sem voz

AMO-TE NAS MARGENS DA RAZÃO


Amo-te na loucura de um bêbado sonho... e bebo teus olhos da sacra fonte do pecado e minha língua tateia teu ventre (ausente)
Amo-te na vertigem colossal do meu desejo. na via transversal onde nossos caminhos se fendem(em cada camada da minha memória)
Amo-te na parte do mundo que me invocares (alucinadamente te alucino) amando-te vestida de lua, de nuvem, de outono.
Amo-te sem hora, em oceanos de segredos, em precipícios (do teu corpo) em abismos (que te clamam)... Amo-te gomo a gomo...
Amo te de lábios quentes, desfolhada (de corpo) no horizonte (do tempo)
Amo-te na geometria obliqua ao teu olhar...
Amo-te nas margens da razão, deitada em teus braços, travestida (de mar)

AMIZADE(POEMA PARA MINHA AMIGA HAEREMAI)


Percorro o horizonte luminoso
Cujo nome é amizade
Trespasso a mente
E desvendo a linguagem dos seus olhos
Que olham além das enseadas
Navego crepúsculos montes
Dunas de poesias
Com o verbo que voa livre
Percorro a longitude do tempo
Ao poente dos dias nórdicos

E atravesso as águas densas
Em mares revoltos de suas palavras

Vislumbro o secular magma
E regresso de seu mundo imaginário
Cativando silabas aladas
E o sol aproxima-se em silêncio
E te diz bom dia num gesto místico

terça-feira, 17 de novembro de 2009

OLHA-ME





Olha-me a parte... (como um quadro com esboço do meu rosto de desgosto)
Olha minha alma (fantasiando liberdade)
Olhe-me de um ângulo reto, em curvas... (de qualquer ângulo)
Olha-me sem revisão critica: sou um emaranhado de versículos, um alinhavado de tristezas feitas com ais...
Olha meu abismo, (mas sem sentir vertigem)
Olha-me de longe que te sinto perto (olha-me nas páginas do horizonte)
Olha-me como quem olha uma pedra (que existe, mas não vive)

Olha... eu embrulhei minhas lágrimas num lenço de seda dos mais finos e guardei-as nas gavetas do tempo... e o coração na gaveta do destino

MARY

SONHOS ADIADOS





Olhei-te
E em teus olhos vi plantação de flores (jardins suspensos)
Onde tulipas e rosas se enraizaram em suas pupilas

E Sua voz metaforseia marés altas (que borbulham excêntricas canções) antigas musicas esquecidas

Olhei-te
E perdi-me em sonhos , abismos fendidos (sepulcros profundos, tumulares desejos) onde sentidos entorpecidos rasgam-me a carne

Olhei-te (traço a traço) e vi tuas pálpebras que desnudam miragens tácteis (de teu corpo que se estende até mim)

Vi-te em vitrais (janelas secretas) num impalpável cenário alegórico (e nos meus olhos despetala-se o reflexo de ti) sem mim...

Vi teu rosto desnudo... (face do amor) e teus lábios oclusos... (que me contam a mais doce das mentiras a mais falsa das verdades) e minhas emoções expandem-se em minha face... e subtraem-me lágrimas que enchem cálices e cálices com sonhos adiados (de nós dois)

MARY

FUI ENTERRADA VIVA


Fui enterrada viva... nesse caixão chamado VIDA
As vezes desenterro-me e vagueio por entre as lápides enfeitadas de flores ,de dores de amores... (plastificados)

Fui enterrada sem sapato (e meus pés sangram ...machucados pelas pedras que tem no meu caminho)...
E choro lágrimas sintéticas fabricadas em meu coração petrificado (pelo tempo fugaz)

Fui enterrada nua, na estação da neve e o frio congelou meus ossos (e minha alma)

Fui enterrada com mordaça... e de tanto tempo que fiquei com ela emudeci...

Fui enterrada viva...
Por vezes desenterro-me e ando por entre as lápides enfeitadas...
Mas hoje vim aqui...


MARY

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A LONGITUDE É A TESTEMUNHA DA MINHA SAUDADE


A longitude é testemunha da saudade
E a ausência e a tinta com a qual te escrevo
Meus dedos tateiam o vazio de ti
E meus lábios se mordem num frenesi melancólico
Fazendo revolverem minhas entranhas
Fragmentadas de desejo
Desenho utopias carnais
Em heréticas paginas nos lençóis da minha cama
Faço luz ao meu sonho... Escutando o inaudível de ti
E no romper da manhã nauseabunda
Uma lágrima me fere
Como lâmina envenenada e me vai à boca
Rompendo a miragem sua

AMOR ATEMPORAL


Gravo-te
Na pupila dos meus olhos
Sob a linha tênue da imaginação
Gravo-te
No inverso e no verso da minha existência
Em manuscritos cravejados com o alfabeto do amor


Guardo-te
Em meu peito fissurado pela dor
Que te absorve como um antídoto
Como um elixir

Faço retrato de ti
Em um quadro dourado nas falácias da minha memória
Com tinta tirada da minha aorta

Cravo-te
Em minha pele como um estigma eterno
Com laminas que trespassam meu pulmão
Misturando-te a minha respiração

Leio-te


Em profundidade oceânica
Tuas palavras fazem germinar rosas em meu peito
Tuas silabas calcificadas pela maresia
Coincidem com meu destino

Emolduro os teus olhos
Com corais e safiras
Com ouro e diamantes
E os guardo a sete chaves
Em meus sonhos esfíngicos
Fecundados por luas cheias

Faço em minhas veias, injeções diárias
Com ampolas cheias de suas palavras
Cheias de suas mãos
Cheias de tua língua
Ampolas cheias de você

Guardo-te nas incógnitas dos meus versos
Nas palavras indecifráveis e não ditas
Na minha voz tremida
No meu mais lindo vestido
Nos meus cabelos negros
Em meus lábios vermelhos

Guardo-te no meu rosto cálido mastigado pela saudade

Guardo-te no meu mundo atemporal (e lá amo-te)


DIMENÇÕES PARALELAS

Sorvo teus lábios em liquefeitas polpas
Embriago-me com suas palavras despetaladas pelo tempo
O torpor imerge-me dos poros
E meus olhos desvelam meu segredo sagrado
Alimento-me da tua face em sono
E da tua saliva afrodisíaca
Extraída em dimensões paralelas

Estendo minha mão a ti
Num desejo alado
Que atravessa espaço-tempo
E minhas mãos te acariciam com calma
Num bailar estratosférico
Feito em ondas astrais impalpáveis para o corpo
Mas ocultamente possíveis para a alma


MARY

BALOUÇADA PELOS BRAÇOS DA SOLIDÃO


Minhas lágrimas transbordaram os poros e encharcaram minha realidade
E estou a um passo do céu (ou do inferno)
A léguas de distância de mim...

Sigo com a aurora alinhavando a vida com sonhos
Sem bússola que me diga o caminho
Nem um feixe de luz sequer a me guiar

Estou bebendo a noite fria misturada com penumbra
Envenenando meu sangue com preces vãs
Embrulho-me na minha pele... e durmo... ninada pela voz da saudade... balouçada pelos braços da solidão
MARY

DOU-ME (Á TI)


Dou-te o dócil aroma que se desprende do meu corpo
E as chamas que brotam em mim (rubro cálice)
Dou-me desfolhada pelo nevoeiro
Orvalhada... Em pétalas... (em camadas doces)

Dou-me derramada em teu destino (renascida)

Dou-me fragmentada-(diluída em seus sonhos)

Dou-me de definhadas asas-cura-me
Dou-me de veias a escorrer-me... a loucura
Dou-me secretamente na ânsia de acariciar-te-roçar-te-grafitar-te... com meus dedos e lábios cingidos de espumas salivares da minha mente
Dou-te meu ventre que sangra volúpia... dou-te minha boca que goteja o amor...dou-te meu peito(coração) enfeitado de esperança...

Estou a um passo do teu tempo e dou-me (á ti) num processo místico

MARY

A SAUDADE DILUÍDA EM MEUS OLHOS LAVA MEUS SONHOS A CADA NOVA MANHÃ


Grito minha tristeza em minhas artérias e veias
Abandono-me as tardes abisais e frias de um tempo que me cospe
A vida se tornou minha lápide e as noites estrofes tristes
Toco nas extremidades da utopia que me reveste o sonho (a tua procura) e escrevo na minha pupila os meus/teus sonhos (mas a saudade diluída em meus olhos lava-os a cada nova manhã)

Refugio-me no vale das sombras e planto diáfanos caules de seu olhar (dentro de mim)
E meu coração se debate na jaula da escuridão e ouço o sino da catedral onde um anjo canta cânticos silenciosos revestidos de sangue invisível (que me tinge de rubro os trajes alvos) e fito meu funeral nos braços da minha própria solidão

Contempla-me a loucura e minha alma bate asas e me vejo a um palmo de ti - finalmente alinhavei as madrugadas ao horizonte (de nos dois)



MARY

FUJA...MAS ESTAREI EM TI


Fuja... palmilhe caminhos só teus
Esconda-se nas fissuras do poente...nos confins do norte
Vá... persiga as nuvens prateadas...aquelas que tanto anseias
Esconda-se atrás das fachadas que se metaforizam em vozes (que lhe fazem promessas)
Vá atrás das divindades sem nome. Vá para os recônditos oceanos... (mas eu murmuro e em sono me ouves)
Distancie-se... negue a luz dos meus olhos criptografadas em sua pele(e minha miragem em suas pálpebras)negue-me a face do teu olhar
Vá ...resida nas linhas longínquas das latitudes terrestres
Navegue sozinho no barco do destino... (estarás na distância que nos separa os lábios) no limite transversal da obliquosidade do meu ser
Esconda-te das minhas mãos... fuja...(mas estarei em ti,disfarçada de ár que respiras)estarei diluída (em tuas veias)
(pois para mim é inútil atravessar os caminhos do tempo sem ti)




MARY

DOU-TE SÍLABAS QUE COPULARAM COM MEUS SONHOS


Revoadas de versos desnudam-me a alma...
Tenho na boca vogais que te pertencem
Nos olhos navios naufragados (pela saudade)
Dou-te cálices cheios de caligrafia
Dou-te metáforas rubras em paginas ocultas (grafitadas por meus lábios em chamas)
Dou-te sílabas que copularam com meus sonhos e rasgaram o hímem (da minha paixão)
Dou-te palavras sonâmbulas (que vagueiam ate você) pernoitando em teu coração e mastigando suas pálpebras
Dou-te palavras que nascem no meu peito (meteóros em fogo)que masturbam sua imaginação

São só palavras que tenho para ganhar teu coração...


MARY

POETA CADÁVER



As páginas da minha vida foram rasgadas (a golpes de punhal,pelas mãos da santa inquisição)em nome da sanidade...

Acusada por ter como amantes as utopias... e coabitar com versos proibidos e infames (e como cúmplices as luas cheias)... onde levava noites a sonhar, sorrir dançar... inspiração divina(sem Deus)
Fui atirada a cova...-viciada-diziam.Verdade... (um litro de poesia misturado com trezentos gramas de loucura por dia)
e agora alimento meus dedos de manuscritos coagulados de alucinação...

MARY