sexta-feira, 25 de junho de 2010


Despe-me em espirais suaves...
Despe-me de todas as minhas perfeitas imperfeições.
Despe-me...
Dos panos que não são dessa época
Dos medos e dos males acumulados na pele
Despe meus sobretudos...
e mantos que me torna invisível
Dispa-me de todos os meus ontens
Tire-me a roupagem de orgulho
Dos conceitos e preconceitos
Rasgue minha pele tão humana

E Embrulhe-me nas seda das tuas mãos

E vista-me de outra personagem


Visto-me de uma humanidade sem fitas rendas e laços
de convicções-lantejoulas costuradas a mão no tecido da vida
De alma-algodão -cru estilizado com sonhos aparentemente impossíveis
De um inconformismo de seda com pérolas negras
E De tristezas estampadas com raios de sol
De culpas com variedades de formatos e tons de um negro degrade
Estou vestida de uma textura íngreme descascada pelas intempéries
De panos desbotados característicos de sofrimentos clássicos
Estou vestida de valores inquestionáveis
de falhas permitidas
De mantos desabotoados e amarrotados por falsos Messias
Estou vestida com uma roupa que me aperta o corpo contra a parede cinza das minhas impossibilidades
Que contrasta com meus sentimentos de cores fortes
Estou vestida hora indecente
hora carente
Hora madame
Vestida de realidade da cor da pele
de unidade abstrata
da complexidade volátil do ser humano-mulher

Desculpe
mas não sou perfeita
sou uma bêbada
que se embriaga todos os dias
com garrafas cheias de luas novas
sou uma viciada
em oxigênio puro
Minto descaradamente para mim mesma
Minhas vestes são todas da cor dos meus erros e piores defeitos
nas noites de luas cheias fumo substancias proibidas feitas de superação e lutas
e no chuveiro canto um caminho cheio de pedras
com as quais construo castelos encantados
que são assombrados por fantasmas
que mantenho escondidos na minha pseudo-racionalidade

tenho chagas-pecados incrustados na pele
que sangram todos os dias
tenho pactos de sangue com a alegria
e acendo velas para a tristeza
e já abandonei-me varias e várias vezes ao relento
de mim mesma
Sou perfeitamente imperfeita
um espectro complexo de existência reclusa
uma espécie de ectoplasma perseguindo a realidade
Sou a variante de todos os meus outros eus...e não sei exatamente quantas sou
Sou a linha reta na curvas do teu peito
O traço torto

Sou belamente imperfeita
Infinitamente imperfeita
em todas as formas possíveis de ser
de fazer
de agir de pensar
de existir
e principalmente de amar

Sou uma indefinição caótica de atlântidas perdidas
Sou a tal normalidade racional
Que morre com sonhos infectados pela branca-radioativa-solidão
Desculpe mas não sou perfeita
Mas costumo ser autentica
mesmo na minha humana condição de imperfeição
Uma imperfeição crônica
Dou-te a poesia como quem fica nua
Coberta só com um manto de versos
Tingido com as tintas do sentir
Do cinzel dos teus olhos
Dou-te a poesia da minha carne arrancada
Com vértebras em cada linha
Com medula melando a página


Dos meus olhos caem sonhos-
Que desfalecem ao sul
ao rumo dos meus olhos azuis de ver o mundo
dos meus olhos caem sonhos
que perderam-se nos cartesianos dos meus nervos lassos
da mata virgem tropical- atemporal que há em mim


dos meus olhos caem partos de acronicas existências
caem rastros de metafísicas minhas carnes
e seios castos
caem estrelas atômicas
quentes a queimar a minha terra crua
queimar meu corpo pálido
meus lábios
meu nome
meu sobrenome
meus braços


dos meus olhos caem as vísceras das horas mortas
caem falecidas ressurreições
caem fossilizados universos –de mim
Caem pingos de soluçados desamores
Caem desistências
E despedidas ...

Dos meus olhos caem sonhos-flores que nunca florescerão no jardim da minha vida
Dou-te a poesia como quem fica nua
Coberta só com um manto de versos
Tingido com as tintas do sentir
Do cinzel dos teus olhos
Dou-te a poesia da minha carne arrancada
Com vértebras em cada linha
Com medula melando a página
``depois de uma grande dor,vem um sentimento formal.
os nervos ficam cerimoniosos como sepulturas´´emily dickinson
A poesia me pega com sua roda dentada, me força a escutar imóvel o seu discurso esdrúxulo. Me abraça detrás do muro, levanta a saia pra eu ver, amorosa e doida. [Adélia Prado]

Não me chames ilusão...
Me chame ferro .lamina afoita a cortar os músculos hirtos do tempo que sangram nuncas feitos de lagrimas e medo
Me chame tecido.De atomos.desfiado lençol de carne e vento.Artérias aflitas de fios e linhas sangüíneas a transmutar-se em ausência que te cobrem o desejo .(Trama orgânica do amor .)
Me chame ilegível .Do significado inominável,nomeia-me então, caos.
Me chame longe,das dimensões sem topografia,dos paralelos de abismos das imensidões de céus infinitos de dentro ,perdida em seu tempo.Apenas uma cor a lhe borrar o horizonte azul,branco de procura
Me chame momento.Momento despropício.momento certo .De hora errada.Momento destituído da matéria. Momento onde parecíamos eternidade.
Me chame de muitas coisas...
Mas não me chames ilusão

Choro silenciosamente e soluço na medida certa da agonia,é que aprendi a domesticar as lágrimas.Para elas não obedecerem as ordens do caos
Aprendi a reconhecer estilhaços infiltrados na pele e a cicatrizar os cortes com sonhos de canfora
Aprendi a mergulhar em abismos escuros .E voltar.mesmo que nem tão sã nem tão salva . Voltar de alma amputada.
Aprendi a improvisar verdades
Aprendi a fingir solução.Para dormir.Sedativo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

AMOR


Tenho o habito de amontoar ontens_(escombros inconscientes) que se acumulam aqui dentro e fazem construir vazios tão grandes,uma arquitetura faraônica.Ando a demolir horizontes para construir vida de concreto com varandas com vista para o esquecimento .Faço muitas paredes, para treinar isolamento, para proteger-me do futuro,que é uma dor sem osso,que vai dos meus olhos até o sempre. Tem chuvas em mim vindas de ti e se eu te falasse seria como tempestades.Águas extraviadas que inundam-me .Náufraga .Tenho medo . E tenho muito mais medo que não entendas isso e se zangues comigo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010



Eu bordei ao silencio expectativas e dois destinos que sangram metros de fios que fiam tecidos-abismos que recobrem minhas léguas de mundos desnudos vincados de ti .A vida fez dobras nas promessas e tingiu meus velhos mares de fúria desconcertante que chega assim como ecos pragmáticos que costuram páginas perdidas de histórias insones no véu do tempo e cosem vestidos com linhas azuis impossíveis na colcha de retalhos cá dentro do peito.
Eu bordei ao silencio bilhões de solidões que ardem nós desfeitos, pontos em cruz abertos nas veias para lá sepultar o vazio que descola da minha pele
Eu bordei ao silencio meu sangue que cai como chuva melodiosa que ninguém mais ouve.
Eu bordei ao silencio o grito mudo de dolorosos partos que arrancaram-me o útero
o oxigênio... o último fôlego.
bordei-me ao silencio... pedaço por pedaço...

DEIXEM-ME A TRISTEZA



Deixe-me a tristeza, nesse momento tenho dores crônicas próprias do insucesso e do arrependimento que abrem frestas em minha pele e em minhas madrugadas com requintes de falsidade
Deixem-me a tristeza preciso prestar luto pela morte diária dos meus sonhos preciso extirpar os tumores causados por frustrações e fracassos ; e a covardia atire-me pedras,por isso os hematomas
Deixem-me a tristeza, preciso assimilar as perdas matérias e emocionais,(isso dói) preciso pensar em desculpas,pelas culpas, que carrego nos olhos quebrados,
Deixem-me a tristeza, chorro por causa das farsas coloridas, que tingem-me de rosa as faces e de vermelho os lábios,e me dão risos forçados e vida de falsas verdades ,e falsos enredos ; uma mentira sincera que eu não mais acredito.
Deixem-me a tristeza é o que de mais verdadeiro eu TENHO


Inventei-me outra
O sorriso forçado cicatrizou-se no meu rosto
A modernidade coloriu meus cabelos
Redefiniu minhas formas,
A estética Aumentou meus seios
O realismo deu-me sapatos de salto alto que me fazem tropeçar
A indiferença me define me delimita os suspiros ,os soluços
É a graça da desgraça de ficar mais bela e menos eu


Morro lentamente. mata-me o vazio de beijos com suas mandíbulas presas a eternidade
Mata-me a sombra cheia de mãos, cheias de taças cheias de caricias mortas
Matam-me mil mentiras que entram pelas vias respiratórias causando-me falta de vida
Morte demais.para uma só vida

NÓS


Acordo. Sirvo-me de dor fria de cada dia com geléia de morango e leite quente. Roço minha boca na solidão cor pastel com gosto de realidade a qual canta seus silêncios verdes. Essa música é a negação lógica do vácuo que nos une.




Perturbam-me teus dedos inventados que crescem nas canções de ninar onde me embalas entre lençóis dissolvidos em simbiose além vida além sono
Um tatear improvável.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tomei dois dedos de prosa com a poesia,calcei sapatos no pés da letra e convidei-a para dançar.ela saiu-me uma bela pé de valsa
Minha fé não é do tamanho dos meus sonhos mas meu coração é do tamanho de um bonde onde cabem todas as utopias e ilusões
Meus ídolos morreram de overdose vivencial,pois sabiam que de velhice dói mais . Meus heróis não voam mais nem salvam mais a ninguém, com pijama e chinelos eles não salvam mais nem a si mesmos

OS SONHOS QUE COLOQUEI NA GAVETA



Hoje resolvi abrir a gaveta onde coloquei meus sonhos
Logo encontrei meus sonhos de criança, mas como cresci e (engordei) vi que eles não me servem mais
Achei sonhos antigos, mas que de tão velhos só restavam mais os seus esqueletos
Não consegui ver meus sonhos proibidos, onde será que estavam?-foram numa noite dessas levadas pela santa inquisição - me contaram
olhei bem e vi uns sonhos amarelados,amassados e quase não consegui reconhecê-los
mas o que mais me entristeceu foi ver que mais da metade dos meus sonhos se suicidaram ,deixaram uma carta de despedida ,dizendo sofrerem de desesperança...e hoje em sua homenagem vou tirar o dia para enterrá-los nos meus desjardins desfloridos de minha desvida.

TENHO NA ALMA OS MATIZES DA TOLERÂNCIA



Tenho no sangue mil raças que falam dezenas de línguas e rezam muitas crenças
Nos olhos tenho mais do que medo ,tenho mil cores que vêem todos os corações vermelhos
Tenho na pele as cinzas brancas da mãe áfrica que embala o negro olhar de um adão e uma éva
Tenho na alma os matizes da tolerância
Nos braços pálidos abraços multicolores
Tenho em mim tons esquecidos de longínquos lugares ouço e falo linguagens proibidas por estéticos pensamentos culturais de clãs modernistas,
Minhas guerras tem a serenidade daltônica e não tem nome,não podem ser consideradas esquerdistas,comunistas,socialistas;não sou partidária
elas podem sim serem consideradas humanistas
Meu corpo tem o peso de imagens com contrastes e brilhos diferentes
Meu mapa azula o sertão prateia as marés
Colore de rosa as gaivotas
No meu mapa tem palmeiras
a Veneza americana
e montanhas egípcias ao sul da frança
Meu mapa não tem fronteiras,estados nem cidades
meu mapa só tem pessoas

ARREPENDO-ME DE MIM

Arrependo-me de mim, uma fragilidade em linhas finas, grosseiramente borrada de azul de todo desencantamento
Arrependo-me de mim por ser mulher de aço, aço barato que quebra fácil; cato os cacos passo iodo remendo-me e fico novamente,
parecendo mulher...de aço
Arrependo-me de mim que só sei oferecer-te minhas lascas de carne abandonadas as cruzes e pregos , lágrimas de cristal,dentes grandes cerrados e seios pequenos contidos num peito tão grande ;de grandes desilusões;grandes marcas ;grandes lutas
Arrependo-me de mim ,em roupagens de ingênuos enganos que estão como abismos disfarçado em belas flores ,nas margens da minha saia de carne crua
Arrependo-me do meu rosto onde as mascaras de gaze preta volúvel se enraizaram na face,roubaram minha identidade ,e não deixam ser o que posso;não sei mais identificar-me, a mim ,a ti,a ninguém...
Arrependo-me do meu orgulho que cai sobre meus ombros como cascatas de pedras. desequilibrando meus passos,que me fazem cair cair para fora de mim
Arrependo-me desse costume de cavar minha cova rasa e depois morrer para não ver a minha covardia roendo as paredes dos ossos do oficio e fazer caveira minhas vaidades e verdades
Arrependo-me de mim, por deixar testamento sem baú de tesouros ,de algum lucro nem apólice,só um inventario de cicatrizes