sábado, 31 de julho de 2010

A MORTE DE TUA OBRA

Os traços com os quais me traças traçam linhas imaginárias que me fazem caricatura
cobrem o mal que me desenhas
moldam-me um tipo de delicadeza que me tapa a boca


A cor com qual me pintas
é um ruído abstrato
Que tem voz de tinta fria
Que fala a morte da tua obra

Percorri mil anos
À velocidade da luz.
Ultrapassei nebulosas.
Cabeceei asteróides
Para balizas imaginárias.
Doei os anéis de Saturno
A ninfas alucinadas.
Contornei buracos negros.
Fiz amor nas crateras da Lua
Com camisas de Vénus.
Fui amante duma marciana,
Louca e insaciável,
Loura e insociável.
Mandei para os raios que o partam...
...O Sol.
Passeei-me por Mercúrio...
...Crómio.
Julguei sarar minhas feridas.

Perdi Galateia. Perdi tudo.
E, eu próprio, perdi-me
Em qualquer parte.

Percorri mil anos
À velocidade da luz!...
De repente, o breu.
A ausência total de luz.
De repente, a dor.
De repente, a mais profunda,
A mais pesada das solidões:
Eu em busca de mim!

Luís Eusébio

TRISTEZA


Deixe-me a tristeza, nesse momento tenho dores crônicas próprias do insucesso e do arrependimento que abrem frestas na pele e nas madrugadas com requintes de falsidade
Deixem-me a tristeza preciso prestar luto pela morte diária dos meus sonhos preciso extirpar os tumores das frustrações e fracassos ; e a covardia atire-me pedras,por isso os hematomas
Deixem-me a tristeza, preciso assimilar as perdas matérias e emocionais, preciso pensar em desculpas,pelas culpas, que carrego nos olhos quebrados,
Deixem-me a tristeza, não quero mais as farsas coloridas, que tingem-me de rosa as faces e de vermelho os lábios,e me dão risos forçados e vida de falsas verdades ,e falsos enredos ; uma mentira sincera que eu não mais acredito.
Deixem-me a tristeza é o que de mais verdadeiro eu TENHO

FELICIDADE

O que apodrece meus pensamentos são intravenosas mentiras
são verdades tão falsas que fedem a felicidade demente
tornando mais feliz a nossa vida medíocre
um paraíso arcaico de fachadas sociais
fingimentos indistinguíveis
hipocrisias inocentemente perniciosas
farsas dignas de respeito


Todas as manhãs são erros grotescos
metafísicos pesadelos
loucuras louváveis
de Uma celestial realidade insólita

vem sentar-se aqui comigo




Vem... Vem sentar aqui comigo
a beira do meu precipício
não tem perigo
é só manter o equilíbrio

Vem sentar aqui comigo
não tenha medo, não deixarei você cair
venha, aqui sei que não é o melhor lugar para ficar
mas por enquanto não tenho p aonde ir
pois o mundo é um malmequer ,
um mal me quis
Vem fique comigo
é aqui que faço minhas poesias
escritas num papel que esta no meu pensamento
é aqui que planto estrelas
e espero colhe-las em pouco tempo
é aqui que me falam os cometas , que me da de beber a brisa ,que me penteia o vento
é onde me gritam lamurias as árvores antigas
é Onde o sol às vezes me visita

Aqui eu pesco peixes mortos pela tristeza
onde soluço minhas dores
onde cultivo a paciência

Vem me faça companhia
se quiser pode passar os dedos entre meus negros cabelos
pode me falar da tua família
pode carpir-me as lagrimas com um carinho
se quiser e não se importar poderia me cantar uma cantiga,sentar-me no seu colo e contar uma historia antiga que começa com: era uma vez
Pode... e se o fizesse, eu me lembraria novamente o que é ser feliz

Vem... Vem sente-se aqui comigo
A beira do meu precipício
Pois estou tão sozinha...

MINHAS PALAVRAS



Minhas palavras são nuvens enraizadas numa realidade 3d
são especiarias tiradas da horta das minhas idéias
sumos alucinógenos dos sonhos imortais
que vivem na terra de Avalon
elas são erros de toda uma humanidade
são meus cadáveres que apodrecem numa vala comum
são sucos fermentados
do meu coração e meu sangue pisado
que virou vinho podre
se embriague...
elas são cinzas do agora que viraram diamantes
e luz dos meus olhos que viram estrelas
são os dentes do tempo que me colhe os ossos
em cestas feitas da madeira da minha cruz
ecos do presente e do futuro que nem sempre virá
são beijos e beija-flores
e deles nascem jardins invisíveis
também um sol da meia noite e luas perdidas das suas fases
deguste-as e verás que o impossível não existe
e que o nada é uma célula que cresce no musgo das minhas feridas
e que o tudo é um absurdo sem limites
que tem dedos na língua

sexta-feira, 30 de julho de 2010

perco-me do atlas e ando
no poente de um sol morto de minhas vazias esquinas
vago, por entre meridianos íngremes ;esperando as confluências dos planetas
sentada nas fronteiras vertiginosas dos astros e vislumbro
as meninges zodiacais que se fundem a paisagens de equinócios

SER


Não quero ser apenas letras ao acaso escritas
não quero ser só poemas abstratos
largados numa gaveta da vida
não quero ser um sonho derrotado
caído na sarjeta do escárnio


Não quero ser um papel qualquer
em branco,
sem escrita
sem tinta
papiro esquecido
simplesmente barro que virou Pó
canto de um pássaro triste
não quero ser um poço de inutilidades
ser razão que padece no relento
Não quero ser mais um nome que morreu
um corpo podre que que tem um belo jazido
Quero ser um texto,
pode ser breve
mas que valha a pena ser lido

AS PALAVRAS

Matemos as palavras e no porvir a poesia inteira
E as enterremos num lugar qualquer da alma
Para que um dia
Na redenção da luz
suas carcaças ressuscitem
e Tenham piedade de nós
perdoando-nos pela insolência

A VIDA TEM UMA FACA




Somos atores
Atuando sem opção
Seguindo um script feito pelo destino
Num palco iluminado por sombras assassinas
Somos atores sem fama
Querendo o estrelato
Fingindo sorrisos
Engolindo lagrimas
Atores ruins, contracenando com o mundo inteiro
Com a vida redigindo esse contrato

Somos parte de uma história tão falsa
De um ilusionismo tão verdadeiro
De uma mentira tão real
Onde nunca saberemos
Quem é o dono do teatro

RESISTÊNCIA



Não calo
Não há pessoa suficientemente sábia
Que saiba tudo, e, sobretudo tudo saiba
Antes é uma insignificante carne-barro
Um mero ser-erro Camuflado de verdades
Não calo
Falo aos inimigos
Sem língua
Sem forças
Sem boca
Não me rendo,
Aos homens frio- mármore
Que matam com verbos afiados


Não calo
Quero ser voz maldita por trás dos teus nobres crânios
E na frente dos teus vis olhos
Por causa da sua língua impune

INEXISTÊNCIA



Inexistência

Sou o retrato mais infiel de mim
num casulo de demências
com nefastas aparências
divago carências
afogo-me em divergências

Tenho certidões de existência
que são rastros invisíveis do nada
que me tornei

PERDI-ME



Perdi-me na rua oblíqua ao seu olhar
perdi-me no entroncamento bifurcado que leva a loucura
no fluxo intenso da via expressa dos meus sentimentos
perdi-me na intersecção que leva a becos sem saída
na estrada desértica onde habitam meus fantasmas
nas curvas cartesianas que desembocam em abismos no desvio transversal da vertical dos meus erros
perdi-me
de mim mesma

-Fui vista pela última vez sentada a mesa de um café, trajava um vestido verde com sapatos de salto alto
Usava brincos e alguns acessórios mais que pareciam de valor,também uma bolsa grande e óculos escuros .Depois disso perdi meu rastro

NÃO PEÇA QUE EU TE ESQUEÇAS...







Não peça que eu te esqueça
peça que eu chore lagrimas basálticas
que eu queime aas pupilas dos meus olhos
em fogueiras astrais para nunca mais te ver

Peça que eu mastigue a lamina afiada da tua longitude
que eu coma o fruto envenenado da tua voz
mas não peça que eu te esqueça

Peça que que eu alinhave minha boca as linhas de outro tempo
e emudeça
que eu me recolha como um pergaminho e vá para longe, longe de ti
que eu me lance nas profundidades da insanidade (e enlouqueça)
que eu me largue em valsas outras de mãos suicidas
mas não peça que eu te esqueça

Peça que eu me jogue em precipícios
peça que eu enterre o amor que é teu em abismos
que eu afogue meus/seus sonhos em mares revoltos
que eu perfure minha pele com laminas-da saudade
mas não peça que eu te asqueça

sábado, 24 de julho de 2010

O IMPOSSÍVEL PASSA

Amar requer requintes de sorrisos verdadeiros
Requer acordar por dentro, sacudir as retinas renovar a poeira do cotidiano
Amar requer o corpo do lado de fora das paredes
Requer plantio de flores no solo das atitudes
Amar requer beijos acariciando a língua ,com fluidos de culpas anteriores e futuros sonháveis
Amar requer violinos .Sons em alto relevo.Ritmo.Ritmo espontâneo de uma nota que estilhaça lentamente o nunca
Amar é uma arte quase impossível. Mas o impossível passa

quinta-feira, 22 de julho de 2010





sábado, 10 de julho de 2010


Estou vestida de penúria rendada
vestida de transparentes silêncios que sussurram desordenados vapores incertos cintilantes
Estou vestida de uma película esquecida -obliqua ao olhar–procuro-me
De casca evaporada de constelações indomáveis
De textura volátil e versátil de variantes da realidade
Vestida de trapos,rasgos de um destino amarrotado
Estou vestida de macula encardida alinhavada ao linho etéreo de brancura púrpura
De sol que derrama açucenas ardentes nas linhas do tempo
Que fazem desfiar meus sentimentos incandescentes
Estou vestida de camadas finas de primaveras nuas
Que apodrecem no meu peito
Que nunca deixou de amar

Por favor meu Deus me ouça
Vou pedir uma coisa
pelas pessoas
Pelas crianças que não tem o direito á comida
Peço que olhe para elas
Olhe e veja a miséria estampado em cada rosto
Olhe para seus corpos que são pura fome e osso

Olhe para as profundezas dos seus olhos e veja o abismo
Veja a fome que a carne queima e resseca
De-lhes o pão nosso de cada dia
De-lhes um pedaço de misericordia
Lançai um olhar de piedade para teus filhos
Que não pediram para nascer
Que vivem com um buraco no estômago
Chamado abandono e indiferença

Olhe,eles engolem a própria fome
e as lágrimas derramadas em cada oração não atendida calam a boca da esperança
que esperam cair do teu céu

MORRI A MUITO TEMPO ATRÁS


Morri a muito tempo atrás num desses dias de outono
junto com as folhas de um carvalho velho que caiam ao chão de todas as indiferenças


morri e fui enterrada no mar dos meus olhos que salivavam espumas mornas as quais lambiam o tempo que se incrustou nos navios dos meus barcos naufragados por desilusões compradas na feira do destino

morri sentindo a opacidade do meu reflexo
sentindo o cheiro de ruínas de promessas d´almíscar
sentindo nos lábios as gotas da existência rouca
a sede do lácteo elixir de seiva-sonhos

morri,abraçada as horas que me acarinhavam as pálpebras pesadas
abraçada a cada lembrança que me queria compreender
o puro e ímpeto choro
morri de uma insuficiência de ternuras
que enterravam no meu peito o toque irrefutável de sombras
da desesperança
``Não sei cuidar de flores. Um amigo as conserva para mim. Comigo, morrem de silêncio. Sou desigual. Acostumada a plantas mais carnívoras´´

EXISTIR

Tenho séculos de maldiçoes incrustados nos ossos e,crescem vestígios de morte no cemitério que a em mim.Isso são sintomas claros de impossibilidades cronicas.já estou treinando dias bonitos,é um método artificial de ressuscitamento para existir.Assim sou um corpo com sonhos na boca.Em vez de formigas .Para formigas ainda sou considerada demasiado viva.

A covardia congestiona a alma que não chega a lugar algum e pisca sinais vermelhos de pulsos cortados e sonhos com desvios de percurso.Placas sinalizam o céu num transito infernal.


quinta-feira, 8 de julho de 2010

O TEMPO

O tempo é um sempre que não dorme nunca.é um eterno rancor na pele da esperança que envelhece as promessas e a fé
No futuro quero ser passado refeito.para conjugar o verbo ser feliz no presente do indicativo.Como se fosse ontem ,pretérito mais que perfeito,quando te olhei pela primeira vez.Mas será tarde.Será nunca.O tempo perdido é uma dor que ninguém me disse.Mas nada é para sempre